MANIFESTO (04/09/20010)
Este instante me permite uma evocação. Recordo aqueles que me ensinaram a admirar e respeitar as coisas corretas. Corretas no sentido da moral e dos bons costumes; corretas conforme seus princípios. Recordo agora e manifesto todo o meu apreço aqueles que me ensinaram a valorizar as coisas simples conquistadas com muita luta. Aqueles que me ensinaram a entender que não se deve querer coisas fáceis demais. Destarte, como diz o poeta “coisas fáceis valor nunca traz”. Também me ensinaram que é pela importância que damos às pequenas coisas, que conquistamos as maiores.
Por isso, hoje dia 04 de setembro de 2010 se plante uma semente na tentativa de resgatar essa grande história: A HISTÓRIA DA FAMÍLIA ALVES DE SOUSA para que ela se torne conhecida, admirada e respeitada. Para os que ainda não sabem ou para aqueles que não lembram, vou recordar um pouco aqueles que, para mim, foram os mentores dessa história.
Nosso pai foi um dos fundadores dessa cidade, pois ele foi operário da primeira escola e da primeira e única igreja da cidade. E quais os logradouros que identificam e edificam uma cidade?
Outra sua grande obra a meu ver foi a fabricação de dezenas de esquifes, onde repousavam os restos mortais de várias pessoas conhecidas, que faleciam na localidade. Era um trabalho gratuito e que, talvez sem nem entender a importância da sua ação, proporcionou um sepultamento digno a muitas pessoas. Na sua simplicidade, ele era conhecido por Mestre João. Teve várias profissões, tais como: ferreiro, carpinteiro, pedreiro e inventor, e sem saber ler, nem escrever, foi contador, pois, era ele quem fazia os inventários e as partilhas das terras quando se queria escriturar propriedades na região. Era imbatível na matemática.
Quanto à mãe, faltam palavras para defini-la: trabalho, atitude, inteligência, coragem... Mil mais. Não sabia ler, nem escrever. Não pronunciava corretamente as palavras, mas não tinha medo de expor nem de fazer valer sua opinião. Era forte, decidida e autodidata na administração. Era uma sem-terra, mas trabalhava na terra e da terra tirou seu sustento por toda vida. Para ela, não precisava ser dona da terra precisava nela produzir. Era analfabeta, mas exercia sua cidadania através do voto e participava da sociedade mesmo que se sentindo às vezes um pouco excluída. Porém, fazia questão de estar presente e trazer sua prole pra ver e saber das coisas mesmo que não tivéssemos o direito de fazer parte delas. Dessa forma, nunca fomos ignorantes.
Nossos pais foram assim pobres, sem recursos financeiros, sem qualquer ajuda da política ou da esfera social, porém, não roubaram, não mendigaram, não mentiram ou enganaram alguém, não se apropriaram ilicitamente de bens de outros, não mataram, não se prostituíram de nenhuma forma... Eles representaram realmente o que hoje está bastante difícil. Ficha limpa. Pois é, não se sabe como, mas deram conta de criar uma prole de quinze filhos, que graças a Deus e aos seus ensinamentos, ainda, seguem os mesmos princípios. É por essa razão e por muitas mais que não deu para expressar no momento que entendo e dou fé que essa história deve ser resgatada, preservada, respeitada e continuada.
Faço-me presente na pessoa de cada um que ora participa dessa reunião.
Abraços a todos, (Beatriz Alves de Sousa)
Romualdo e Pedro mandam abraços e se fazem presente também.
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