"O QUE VOCÊ TIVER HERDADO DE SEUS ANTEPASSADOS, CONQUISTE-O NOVAMENTE POR SI. DO CONTRÁRIO NÃO SERÁ SEU".(VON GOETHE)



quarta-feira, 29 de setembro de 2010

CASA ONDE NASCI


 

Casa onde Nasci (Pedro Alves Neto Em. 28/04/2010)

Quem passa naquela estrada
Ao longe verá uma bandeira
Mais perto avista a porteira;
Que indica da casa a entrada.
No oitão, uma roseira fincada,
Por mamãe grande guerreira!
Que ali residiu a vida inteira
Trabalhando de foice e enxada;
Que morreu a sofrer e calejada;
Tendo  a solidão de companheira

No terreiro as marcas de fogueira
Que  ali era a grande tradição,
Principalmente na noite de s. João;
Reunidos todos nos a noite inteira
Envolto do braseiro, a brincadeira
Do anel de roda e cantoria;
Não posso esquecer tanta alegria
São recordações que até hoje permanece;
Esta casa este lugar ninguém esquece;
E faz parte do nosso dia a dia.

Havia ainda uma bacia
Bem cheia de água transparente
Para com o fogo reluzente;
Fazermos  uso da velha simpatia
Para nos enchermos de alegria
Vermos nosso rosto aparecer,
E a grandeza da fé efervescer;
Na certeza de termos um amor
Ou talvez um grande dissabor
Quando ao rosto, um vulto aparecer!

Ainda no fundo da morada,
O pé de juazeiro envelhecido;
Pelos anos e vento estremecido.
Grandiosa árvore abençoada!
Rudemente fora transformada;
Numa grande privada coletiva!
Também  numa sombra alternativa;
Das galinhas que todos ali criavam;
Poleiro onde elas pernoitavam;
Uma lembrança  que forte e altiva!


Mas a lembrança  causa decisiva,
Que me fez traçar este poema.
Talvez falte o principal fonema;
Prá fazê-lo  fonte expressiva;
Com certeza a fé mais combativa;
Está exposta na  sala da frente.
Um oratório de imagem comovente
De  Jesus , Maria e José,
Outros santos que nos uniu na fé;
E continuará nos unindo certamente!

Quem passa  na estrada, indiferente,
Nunca poderá imaginar
Dezessete pessoas  a morar;
Unidos  de forma irreverente;
Esperançosos no que estava à frente.
Todos juntos  na saúde  e na dor;
Com alegria, mas também dissabor;
Passando por muita privação
Mas, animados com fé e devoção
Somos quinze pessoas com valor

Pai e mãe no céu, ou onde for
Que vocês estejam morando
Nós seus filhos aqui lutando
Preservando o senso de humor.
O trabalho  a esperança e  o amor;
Mesmo cada qual no seu lugar
Esta casa continua a marcar;
O relógio da nossa existência.
Passo a passo com muita consciência.
Queremos seu exemplo preservar!

Todos os nomes vão lembrar,
Raimunda, Manoel e Maria
Terezinha, Francisca que um dia;
Nas suas casas já pude morar
Antonio, Paula , José quero lembrar;
Pedro  eu, Donatília e Bernardina
E o pensamento ainda me atina;
Para Maria Vilani  e Romualdo.
José Dudú , enviuvado
E Beatriz a caçula pequenina!



Uma entrada de forma repentina;
Nesta casa nosso berço singular;
Com certeza não poderá notar.
Um moinho que fazia a massa fina.
Um  candeeiro e uma lamparina;
Um armário uma mesa e um fogão.
Encostado na janela um pilão;
Diversos armadores na parede,
Era onde se armava nossa rede,
Cada detalhe nos enche de emoção!

Do mês de maio a maior recordação
E do primeiro dia de novena!
Com tanta gente a casa era pequena;
Todos com muita devoção,
Num momento sublime de oração;
Levávamos a bandeira pro terreiro,
Cantávamos bendito mensageiro;
Para a mãe santa e rainha saudar
E a bandeira branca hastear;
E neste mastro permanecer o ano inteiro!

E se dermos uma volta por inteiro
Com certeza vamos se lembrar;
Do pé de angico arvore secular;
Que era marca do amor verdadeiro;
Do nosso pai, mesmo sendo carpinteiro.
Conseguia de forma inteligente;
Manter das espécies a semente;
Aroeira, mandacaru imburana;
Pau darco, para ter madeira plana
Fazia esta defesa firmemente.

Tantas coisas estão na minha mente;
Claro que daria para escrever bem mais,
Mas outros escritores  geniais;
Poderão de forma mais conveniente;
Talvez num contexto diferente;
Possa essas lembranças registrar.
Eu já irei um ponto final dar;
Desejando a toda a irmandade,
Saúde  paz, felicidade.
Perseverança pra história continuar.

Eu espero que sintam a essência do quanto este conteúdo, me importa;
para que tenha tido a importância do sentimento que me apanhou na hora de escrevê-lo.
Um grande abraço      Pedro Alves neto 

LIVRO, COMO TE CONHECI

LIVRO, COMO TE CONHECI!

Eu te conheci, ainda muito criança, em um caixote de madeira sem tampa, local em que ficavas guardado na minha casa. Foi amor à primeira vista. Era tão grande o meu zelo por ti que até te escondia dos meus irmãos, e te queria só pra mim. Percebi, desde então, a sua importância, e sempre que tinha um tempinho manuseava, folheava tuas páginas e na minha imaginação inventava tuas histórias. Eu nutria por ti uma verdadeira adoração; até que um dia aprendi a ler e passei a desvendar teus mistérios e cada vez mais meu encanto ia aumentando. Lembro que, o começo foi assim, minha mãe era analfabeta, mas dotada de uma sabedoria que só podia ser divina. Matriculou os dois filhos mais velhos, no caso, meus irmãos na escola, da cidade mais próxima, que ficava a oito quilômetros do sítio que moravam. Nessa época, é claro que eu ainda não era nascida, mas a sua intenção era que os mais velhos aprendendo a ler iam ensinando aos outros e foi realmente o que aconteceu. Todos os quinze filhos aprenderam a ler, a contar e a escrever um bilhete, como ela dizia. A busca dela não ficou só ai. Não sei explicar como, mas ela conseguia livros na cidade, acho que, na Prefeitura ou na Escola. Sei lá, o que sei é que os trazia para nossa casa. As imagens rondam minha cabeça como se fosse um filme. Eu ainda pequenininha, lembro que todas as vezes que mãe ia à cidade, quando se aproximava a hora de ela chegar, eu ia encontrá-la no caminho. Ela sempre trazia um agrado para mim que era a caçula, “preta” como ela me chamava. Na cabeça, ela trazia uma cesta com as compras que fazia na cidade (café, açúcar, sabão...) a feira da semana) e era misturado a esses produtos que, vez por outra, ela trazia os livros. Aqueles do caixote que falei! Apesar da pouca quantidade, esses livros formavam uma verdadeira biblioteca pela sua diversidade. Havia livros da primeira, segunda, terceira séries e tinha até um exame de admissão. Tinha livros grandes, pequenos, com capa, sem capa, cartilhas, revistas... A gente aprendia sobre tudo: História do Brasil e do mundo, Geografia, Religião, Astronomia etc., pois seus conteúdos referiam-se a todas as disciplinas juntas: gramática, matemática, estudos sociais, ciências. Apesar do meu apego, aquela coleção era coletiva, para ser compartilhada por todos. No entanto, era eu quem mais desfrutava dessas obras até por ter mais tempo disponível; pois, além de muito criança, ainda, era o mimo da mãe e demorei mais a ir para o roçado. Os afazeres de casa eram muitos e somente aos domingos era que dispunha de mais tempo para os livros. Logo que eu cumpria as minhas tarefas domésticas, sentava, debaixo de um pé de castanhola que tinha na frente de casa, sempre com um livro nas mãos. Minha leitura sempre foi despretensiosa. Lia todos os livros sem nunca apresentar resistência a nem um deles: os sem capas, ilustrados ou não, os de menor espessura, matemática, português, as cartilhas, os do MOBRAL que também faziam parte dessa coleção. Assim, praticamente sozinha, sozinha não, com os livros eu aprendi a decifrar o significado das palavras, livro por livro, página por página. Foi um aprendizado tão marcante que eu me emociono muito ao relembrar. Minha mãe chegava à porta e dizia guarda esse tibofe de livro, você vai enlouquecer! Pelo tom da voz, ela demonstrava repreender a minha atitude, isso me deixava um pouco triste e confusa poxa se era ela que conseguia os tais tibofes... Confesso que até hoje não descobri o que significa a palavra tibofe. Talvez para não magoar os meus sentimentos tanto do que sinto por minha mãe que representa tudo em minha vida, assim como, a grande admiração que tenho pelos livros.
São emoções que guardo que podem ser lembradas, mas não tocadas para não quebrar o encanto, entende? O fato é que o convívio com esse caixote de livros durou os anos vividos na casa de meus pais, até meus dezessete anos. Nem o caixote, nem os livros existem mais. Porém, o conhecimento e o amor pelos livros ninguém os tirou de mim. Hoje sou bibliotecária. Por escolha? Não... Talvez, por ironia do destino, mas sou muito feliz como tal. Sou ciente de que o livro abre horizontes, ensina, informa e forma, mas para mim é também objeto de desejo, de paixão. Tê-lo por perto me proporciona satisfação, prazer e me traz doces lembranças. Lembranças que quero guardar pra sempre.


Beatriz Alves de Sousa

O MENINO DA PIPA

O Menino da Pipa

Autor: Pedro Alves Neto


Em uma praça, próximo ao largo Santa Adélia; ele o menino de olhos saltitantes pele corada pelo sol das tardes de verão: dava linha ao seu mais admirável e inseparável brinquedo, uma pipa que parecia vivo e tremulava ao alto enrijecendo a linhada, quase que  indomável, peneirando aos céus do Jardim Vera Cruz.
Assim, era seu passa tempo; mesmo que as condições climáticas; não lhes fosse favorável; lá ele, juntava-se á outros garotos; para tornar aquela atividade mais animada e lúdica, uma reunião de alegria infantil!
Qual bando de pássaros em revoadas: seus pensamentos ganhavam o espaço, a sua imaginação tomava conta do céu, como se fora um cometa. E neste processo de criação, desenhava no seu inconsciente caldas imensa, deslocando-se numa trajetória astronômica; carregava e era carregado pela fertilidade do seu subconsciente; numa viagem interplanetária.
Não fosse o chamado de sua mãe, preocupada e preconizadora, como de qualquer genitora; ele viajava nos ares, quase que se transformara definitivamente, num óvni, ou talvez  num extraterrestre!
Assim, vivera por alguns anos, o menino da pipa; mas não o suficiente! Em uma tarde... Ah! Que tarde aquela pouco ensolarada; com rajadas de vento abruptas, que além de arrebatar a pipa das mãos; também o levou ao encontro inesperado da morte!
O menino, como de costume dava linha ao seu magistral papagaio, quando um forte vento arrebentou a linhada, e ele, numa tentativa irracional de recuperá-lo, se arriscou, num desenrosco fatal, quando este se prendera numa cerca eletrocutada! Ao simples toque de sua pequenina mão; desfalecera  a pequena criatura pela carga poderosa dos elétrons.
E, hoje o que se vê, nessa praça: um suar sombrio de um vento  invisível; mas que nos parece anunciar outras tragédias; pela imprudência de outros crianças, que parecem ter esquecido completamente do nosso menino; e se metem a correr atrás de pipas, que sem juízo; desgovernados; atraem outros, para emboscada funesta da cerca elétrica!
Deixai-as ir, por favor! Que se vá às pipas. E fiquemos nós crianças ou adultos; porque nosso pensamento poderá voar ao longe e acrescentar conhecimentos ao mundo; mas, se estivemos vivos aqui na terra, e com os dois pés, firmes sobre o solo. Assim teremos condições de construirmos outro brinquedo interessante, menos arriscado e com nossa inteligência ensinar brincadeiras menos perigosas e salvar vidas!
À aquela criança esperançosa e feliz, que se fora!  Nosso adeus! E saudades é  o que me impulsiona a escrever esta Crônica! E torcendo para que este fato sirva de alerta aos outros, que insanas vivem a se arriscar e por vidas tão pré-maturas em risco!


Postado em 26 de setembro de 2010

MANIFESTO

MANIFESTO (04/09/20010)

Este instante me permite uma evocação. Recordo aqueles que me ensinaram a admirar e respeitar as coisas corretas. Corretas no sentido da moral e dos bons costumes; corretas conforme seus princípios. Recordo agora e manifesto todo o meu apreço aqueles que me ensinaram a valorizar as coisas simples conquistadas com muita luta. Aqueles que me ensinaram a entender que não se deve querer coisas fáceis demais. Destarte, como diz o poeta “coisas fáceis valor nunca traz”. Também me ensinaram que é pela importância que damos às pequenas coisas, que conquistamos as maiores.
Por isso, hoje dia 04 de setembro de 2010 se plante uma semente na tentativa de resgatar essa grande história: A HISTÓRIA DA FAMÍLIA ALVES DE SOUSA para que ela se torne conhecida, admirada e respeitada. Para os que ainda não sabem ou para aqueles que não lembram, vou recordar um pouco aqueles que, para mim, foram os mentores dessa história.
Nosso pai foi um dos fundadores dessa cidade, pois ele foi operário da primeira escola e da primeira e única igreja da cidade. E quais os logradouros que identificam e edificam uma cidade?
Outra sua grande obra a meu ver foi a fabricação de dezenas de esquifes, onde repousavam os restos mortais de várias pessoas conhecidas, que faleciam na localidade. Era um trabalho gratuito e que, talvez sem nem entender a importância da sua ação, proporcionou um sepultamento digno a muitas pessoas. Na sua simplicidade, ele era conhecido por Mestre João. Teve várias profissões, tais como: ferreiro, carpinteiro, pedreiro e inventor, e sem saber ler, nem escrever, foi contador, pois, era ele quem fazia os inventários e as partilhas das terras quando se queria escriturar propriedades na região. Era imbatível na matemática.
Quanto à mãe, faltam palavras para defini-la: trabalho, atitude, inteligência, coragem... Mil mais. Não sabia ler, nem escrever. Não pronunciava corretamente as palavras, mas não tinha medo de expor nem de fazer valer sua opinião. Era forte, decidida e autodidata na administração. Era uma sem-terra, mas trabalhava na terra e da terra tirou seu sustento por toda vida. Para ela, não precisava ser dona da terra precisava nela produzir. Era analfabeta, mas exercia sua cidadania através do voto e participava da sociedade mesmo que se sentindo às vezes um pouco excluída. Porém, fazia questão de estar presente e trazer sua prole pra ver e saber das coisas mesmo que não tivéssemos o direito de fazer parte delas. Dessa forma, nunca fomos ignorantes.
Nossos pais foram assim pobres, sem recursos financeiros, sem qualquer ajuda da política ou da esfera social, porém, não roubaram, não mendigaram, não mentiram ou enganaram alguém, não se apropriaram ilicitamente de bens de outros, não mataram, não se prostituíram de nenhuma forma... Eles representaram realmente o que hoje está bastante difícil. Ficha limpa. Pois é, não se sabe como, mas deram conta de criar uma prole de quinze filhos, que graças a Deus e aos seus ensinamentos, ainda, seguem os mesmos princípios. É por essa razão e por muitas mais que não deu para expressar no momento que entendo e dou fé que essa história deve ser resgatada, preservada, respeitada e continuada.

Faço-me presente na pessoa de cada um que ora participa dessa reunião.

Abraços a todos, (Beatriz Alves de Sousa)



Romualdo e Pedro mandam abraços e se fazem presente também.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

INÍCIO


Foto da Fundação 04/09/2010

ELIMFAS – Espaço de Leitura Informação e Memória Família Alves de Sousa, fundado em 04 de setembro de 2010, é uma associação familiar, sem fins lucrativos, pessoa jurídica de direito privado e duração por tempo indeterminado, com sede na Rua Armenia Siqueira Campos 233, Centro Ibiara Estado da Paraíba. Tem por finalidade(s) O resgate da memória da Família Alves de Sousa, promoção cultural através do apoio e conservação de tradição artística cultural, incentivo a leitura, organização e distribuição de informação e produção de conhecimento.