Autor: Pedro Alves Neto
Aos cem anos do seu
nascimento, estamos nesta data, mobilizados e conscientes da responsabilidade
que foi e será levar adiante seu legado. Pois, não se trata de um homem: pai,
esposo, avô; mas, além disso: um exemplo de cidadania e inserção.
Busquei fontes que me
conduzisse nesta escrita e muito me anima citar o Educador Paulo Freire, na sua
obra Pedagogia da Autonomia; Também o poeta e Escritor João Cabral de Melo
Neto; no seu poema; o Ferrageiro de Carmona e Tecendo o Amanhã; pois bem, não
me atrevo na fragilidade de meus conhecimentos, render uma singela homenagem ao
nosso pai: mestre João; me curvo à lucidez dessas âncoras, para elucidação da
grandeza do ensinamento que nos foram passados, na existência e por certo nos
fortalecerá por toda nossa vida. Referendado por quem o conheceu, a ele João
Alves de Souza.
Não é no silêncio que
os homens se fazem, mas na palavra, no trabalho, na ação-reflexãoA humildade exprime
uma das raras certezas de que estou certo: a de que ninguém é superior a
ninguém. A liberdade, que é uma conquista, e não uma doação, exige permanente
busca. Busca permanente que só existe no ato responsável de quem a faz. Ninguém
tem liberdade para ser livre: pelo contrário, luta por ela precisamente porque
não a tem. Ninguém “liberta ninguém, ninguém se liberta sozinho, as pessoas se
libertam em comunhão.” O amor é uma intercomunicação íntima de duas
consciências que se respeitam. Cada um tem o outro como sujeito de seu amor.
Não se trata de apropriar-se do outro.”(
Pedagogia da autonomia. São Paulo: Editora Paz e Terra, 1997)
A clareza de sua
responsabilidade, com os outros, a virtude da humildade, a natureza contida de
suas ações: refletivas, planejadas, definitivamente compreendidas; sua busca
incessante pelo conhecer dava-lhe a pureza das realizações perfeitamente
corretas. A comunhão de suas realizações com os outros, sua solidariedade com a
comunidade, davam-lhe supremacia e respeito: conquista do respeito do seu
verdadeiro amor pelo outro! Ético, perseverante, exemplo honroso de cidadania
consciente.
Só trabalho em ferro forjado
que é quando se trabalha ferro
então, corpo a corpo com ele,
domo-o, dobro-o, até o onde quero.
que é quando se trabalha ferro
então, corpo a corpo com ele,
domo-o, dobro-o, até o onde quero.
O
ferro fundido é sem luta
é só derramá-lo na forma.
Não há nele a queda de braço
e o cara a cara de uma forja
é só derramá-lo na forma.
Não há nele a queda de braço
e o cara a cara de uma forja
Forjar:
domar o ferro à força,
Não até uma flor já sabida,
Mas ao que pode até ser flor
Não até uma flor já sabida,
Mas ao que pode até ser flor
Mestre João, era destes
seres consciente de sua incompletude, mas permanentemente em busca dela, e
deste fazer se fazia justo, maleável: se dobrava aos interesses dos outros;
como na metáfora do “poeta”; derramasse na forma e pronto! Não ele se desdobrava, se estendia aos laços afetivos; moldando-se aos interesses coletivos; comunhão
que o fez exemplo de fé e coragem na sua estadia conosco!
Um galo sozinho não tece uma manhã:
ele precisará sempre de outros galos.
ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito que ele
e o lance a outro; de um outro galo
que apanhe o grito de um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzem
os fios de sol de seus gritos de galo,
para que a manhã, desde uma teia tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.
e o lance a outro; de um outro galo
que apanhe o grito de um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzem
os fios de sol de seus gritos de galo,
para que a manhã, desde uma teia tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.
2.
E se encorpando em tela, entre todos,
se erguendo tenda, onde entrem todos,
se entre tendendo para todos, no toldo
(a manhã) que plana livre de armação.
E se encorpando em tela, entre todos,
se erguendo tenda, onde entrem todos,
se entre tendendo para todos, no toldo
(a manhã) que plana livre de armação.
A manhã, toldo de um tecido tão aéreo
que, tecido, se eleva por si: luz balão.( Cabral, João de Melo Neto, A Educação pela Pedra 1966)
que, tecido, se eleva por si: luz balão.( Cabral, João de Melo Neto, A Educação pela Pedra 1966)
Havia na concepção dos
seus atos esta preocupação ao coletivo, não se fazia isolado em nada que se
propusesse. Dependente de sua fé inabalada, mas buscou rezar em comunhão
familiar: terços, novenas e missas; sempre desempenhava papel importante, que
fossem ações comunitárias. O outro sempre foi seu aliado, mesmo que este nem
fosse tão próximo assim! Esta qualidade nos tomou como refém, e nos impregnou,
e por isso que estamos aqui, nesta união, tecendo fortemente a memória da
família “Alves”.
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