"O QUE VOCÊ TIVER HERDADO DE SEUS ANTEPASSADOS, CONQUISTE-O NOVAMENTE POR SI. DO CONTRÁRIO NÃO SERÁ SEU".(VON GOETHE)



domingo, 15 de julho de 2012

Os pilares construídos pelo mestre João: sustentarão nossa história


Autor: Pedro Alves Neto



Aos cem anos do seu nascimento, estamos nesta data, mobilizados e conscientes da responsabilidade que foi e será levar adiante seu legado. Pois, não se trata de um homem: pai, esposo, avô; mas, além disso: um exemplo de cidadania e inserção.

Busquei fontes que me conduzisse nesta escrita e muito me anima citar o Educador Paulo Freire, na sua obra Pedagogia da Autonomia; Também o poeta e Escritor João Cabral de Melo Neto; no seu poema; o Ferrageiro de Carmona e Tecendo o Amanhã; pois bem, não me atrevo na fragilidade de meus conhecimentos, render uma singela homenagem ao nosso pai: mestre João; me curvo à lucidez dessas âncoras, para elucidação da grandeza do ensinamento que nos foram passados, na existência e por certo nos fortalecerá por toda nossa vida. Referendado por quem o conheceu, a ele João Alves de Souza.

Não é no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra, no trabalho, na ação-reflexãoA humildade exprime uma das raras certezas de que estou certo: a de que ninguém é superior a ninguém. A liberdade, que é uma conquista, e não uma doação, exige permanente busca. Busca permanente que só existe no ato responsável de quem a faz. Ninguém tem liberdade para ser livre: pelo contrário, luta por ela precisamente porque não a tem. Ninguém “liberta ninguém, ninguém se liberta sozinho, as pessoas se libertam em comunhão.” O amor é uma intercomunicação íntima de duas consciências que se respeitam. Cada um tem o outro como sujeito de seu amor. Não se trata de apropriar-se do outro.”(  Pedagogia da autonomia. São Paulo: Editora Paz e Terra, 1997)

A clareza de sua responsabilidade, com os outros, a virtude da humildade, a natureza contida de suas ações: refletivas, planejadas, definitivamente compreendidas; sua busca incessante pelo conhecer dava-lhe a pureza das realizações perfeitamente corretas. A comunhão de suas realizações com os outros, sua solidariedade com a comunidade, davam-lhe supremacia e respeito: conquista do respeito do seu verdadeiro amor pelo outro! Ético, perseverante, exemplo honroso de cidadania consciente.

Só trabalho em ferro forjado
que é quando se trabalha ferro
então, corpo a corpo com ele,
domo-o, dobro-o, até o onde quero.

O ferro fundido é sem luta
é só derramá-lo na forma.
Não há nele a queda de braço
e o cara a cara de uma forja

Forjar: domar o ferro à força,
Não até uma flor já sabida,
Mas ao que pode até ser flor

Se flor parece a quem o diga. (Cabral, João de Melo Neto, A Educação pela Pedra 1966).

Mestre João, era destes seres consciente de sua incompletude, mas permanentemente em busca dela, e deste fazer se fazia justo, maleável: se dobrava aos interesses dos outros; como na metáfora do “poeta”; derramasse na forma e pronto! Não ele se  desdobrava, se estendia aos laços afetivos;  moldando-se aos interesses coletivos; comunhão que o fez exemplo de fé e coragem na sua estadia conosco!


Um galo sozinho não tece uma manhã:
ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito que ele
e o lance a outro; de um outro galo
que apanhe o grito de um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzem
os fios de sol de seus gritos de galo,
para que a manhã, desde uma teia tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.
2.
E se encorpando em tela, entre todos,
se erguendo tenda, onde entrem todos,
se entre tendendo para todos, no toldo
(a manhã) que plana livre de armação.
A manhã, toldo de um tecido tão aéreo
que, tecido, se eleva por si: luz balão.(
Cabral, João de Melo Neto, A Educação pela Pedra 1966)

Havia na concepção dos seus atos esta preocupação ao coletivo, não se fazia isolado em nada que se propusesse. Dependente de sua fé inabalada, mas buscou rezar em comunhão familiar: terços, novenas e missas; sempre desempenhava papel importante, que fossem ações comunitárias. O outro sempre foi seu aliado, mesmo que este nem fosse tão próximo assim! Esta qualidade nos tomou como refém, e nos impregnou, e por isso que estamos aqui, nesta união, tecendo fortemente a memória da família “Alves”.


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