"O QUE VOCÊ TIVER HERDADO DE SEUS ANTEPASSADOS, CONQUISTE-O NOVAMENTE POR SI. DO CONTRÁRIO NÃO SERÁ SEU".(VON GOETHE)



quinta-feira, 10 de maio de 2012

Homem honrado e separado



Autor: Pedro Alves Neto

Seu doutor  delegado estou aflito!
Queria, portanto entender
Por qual motivo eu estou no seu distrito.
 E o senhor querendo me prender!
 Tratando-me com muito grito!
Com respeito: preciso  saber.

Esta vendo o senhor esta sacola,
É o pão e o leito dos filhinhos,
Foi dinheiro suado e não esmola,
Pois eu cuido bem dos  menininhos!
Mas se o senhor me prender nesta gaiola
Hoje eles não terão os meus carinhos!

Não me prenda, por favor, seu delegado
Já é tarde e moro tão distante;
Meu senhor eu estou muito cansado!
E quero olhar meus filhos  um instante!
Pois da mãe deles estou separado.
E minha dormida é mais adiante!

Acordo amanhã de madrugada
E enfrenta a difícil condução.
Ônibus cheio e perua lotada;
E ainda  tenho que picar o cartão.
Eu preciso chegar la na pousada;
Antes que passe a última lotação!

Seu delegado a alimentação,
Atrasou somente uma semana!
Mas tenho a carta do patrão;
Que explica de forma bem bacana;
Já dei cópia prá minha eis  Assunção
Meu deus! Que mulher mais desumana!

O cheque  da firma era sem fundo,
Mas o dono  da empresa  garantiu!
Mesmo que acabasse esse mundo,
E o que fala ele sempre cumpriu;
Seu doutor eu não sou   um vagabundo;
Não me deixe dormir neste chão frio!

Seu delegado tenha compaixão,
De um pai honesto e honrado!
Que  ama seus filhos de paixão;
E  mesmo estando separado;
Tem por eles  uma imensa atenção
E por eles sou muito respeitado!

Não tenho aqui nenhum dinheiro,
Mas no mercado eu passei  o cartão!
Trabalho de servente de pedreiro,
Mas sempre cumpri a obrigação;
De cuidar  e ser bom companheiro.
E nunca lhes deixar faltar o pão!

Eu não tive a menor intenção,
De deixar meus filhos na pior!
Não deu certa a nossa união,
Cada um pro seu lado é melhor.
Mas dos filhos não há separação!
O amor por eles e cada vez maior!

Seu doutor eu aqui nesta cadeia,
E meus filhos esperando prá me ver,
Eu aqui nesta  sala suja e feia
Aqui  ficando prefiro morrer;
Eu sei que minha eis me odeia!
E  os filhos são meu  único bem querer!

Esta história acontece, não é ficção!





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