"O QUE VOCÊ TIVER HERDADO DE SEUS ANTEPASSADOS, CONQUISTE-O NOVAMENTE POR SI. DO CONTRÁRIO NÃO SERÁ SEU".(VON GOETHE)



domingo, 17 de outubro de 2010

O PÉ DE CAJU PARA SEMPRE

Autor: Pedro Alves Neto

Quando nasci: de certo já terias nascido; pois logo que comecei a ter consciência acompanhei teu desenvolvimento, uma árvore já adulta; por quem me apeguei: Um Pé de Caju sedutor! Mas não estás mais plantado onde tantas vezes usufrui da tua refrescante sombra e de teus frutos composto de ferro e vitaminas. A intempérie climática te assolou abruptamente! No teu lugar a erosão pela falta de tuas raízes e nada mais. Hoje me recordo com lágrimas aos olhos: tua beleza exuberante! Eras tão robusto, que ao longe, podia se vê teus galhos acenando num vai e vem embalado pelo vento; numa saudação inesquecível. Não eras tão alto, mas frondoso; e quase como se de propósito arrastava-se ao solo como se quisesse nos proteger ao teu tronco. E que tão bela era tua folhagem verde rocha; uma imagem que ao longe se contrastava: ora verde, ora rocha, e ao reflexo do sol; confundíamos folhas ao fruto.
Ainda me lembro ao final da temporada das chuvas, quando da tua florada; que perfume maravilhoso tu exalavas! Era grande a concorrência dos insetos em busca do teu néctar; que a distancia podia se ouvir o zumbir das diversidades de abelhas e besouros, plainando ao redor de teus ramalhetes de flores, pousando se alimentavam delas, e ao mesmo tempo polinizavam, numa troca intensa e vital, pois tua fertilidade era incomparável: todos os anos davas  uma safra abundante e maravilhosa de centenas de cajus avermelhados! Uma pintura tridimensional, belíssima obra da natureza, que dava gosto de se vê e contemplar.          
Quando chegava à época da colheita, aí sim teus galhos dobrados pelo peso do carrego curvavam-se ao chão, e toda tua grandeza se excitava, num movimento harmonioso: pelo vento que parecia ninar teus galhos frutíferos ou pelo coro dos passarinhos, que alegremente vindos de todas as partes, saboreavam teus inimitáveis frutos! Eram: Azulões, sabiás, xofreus, beija-flor e tantas outras espécies. Faziam dos teus galhos moradia e banqueteavam as delicias do mel, espremidos da poupa dos teus frutos  carnudos, diferente de todos os cajus das redondezas. Por esta qualidade, se fazia necessário defendê-los dos cobiçados interesses, humanos e de outros animais. E assim sendo, fui eu encarregado pelo meu pai, para esta impopular tarefa! Defendê-los dos ataques eminentes.
Aí conheci profundamente o grande interesse  que havia àqueles ainda vigados cajus, tanto que por vezes tive que revesti-los com pano de saco alvejado, para que não despertasse  ainda mais a tentação de devorá-los; pois eram irresistíveis aos olhos dos que por ali passavam.
Fui também protagonista de te fazer conhecido, noutros lugares, e os levei em cestas, confortáveis numa arrumação carinhosa para não danificá-los, bem madurinhos, dalí para os bares de Ibiara, onde eras disputados pelos apreciadores de uma boa cachaça, como requintado tira-gosto! Até foste economicamente rentável; proporcionando alguns trocados para mim!
Tuas castanhas, fruto ou semente? Não quero entrar nesta polêmica; mas eram graúdas, pesadas, de bagos saborosos quando assadas. Por tão grande produtividade também sobravam ao consumo doméstico, e se comercializava por dúzias. E transformava-se em produtos de maior valor agregado; doces, cocadas e outras guloseimas; com aceitação nas doçarias e comércio alimentícios.  E usávamos também para jogo lúdico, muito importante para nosso desenvolvimento psicomotor, e raciocínio lógico; com toda propriedade posso dizer que tuas sementes foram meu primeiro brinquedo pedagógico.
Mas com uma temporada de chuvas torrenciais, veio a grande enchente!  O rio que tanto te desse alento aguando tuas raízes, matando tua cede e revigorando-te com adubos naturais; agora, não mais te alimentou de água fresca, ao contrário te abraçara mortalmente! A roda moinho turbinada pela correnteza tenebrosa, te arrancou do solo, te levou rio abaixo. Não sei para onde!
Cajueiro! Cajueiro! Pela natureza da tua constituição biológica, não tens alma, por isso não sabes a dor que sinto ao passar naquele pedaço de baixio! Uma sensação de vazio, uma carência enorme de ter de novo tua sombra; a várzea sem ti é hoje um campo desprotegido. Não há mais solfejo de pássaros naquele lugar! O vento parece assobiar uma marcha fúnebre! A minha imaginação chega a te ver erguendo-se novamente como se querendo me envolver! Ah! Como eu queria isto fosse possível, e de verdade estivesse hoje fincado ao lado da pitombeira, botando lindos frutos, sombreando a vazante, ocupando um espaço que foi e sempre será insubstituível ao teu ostentoso espetáculo arbóreo!
Penso até que tu partiste pela saudade que sentiste também de nós, pois fomos todos embora! Uns para nunca mais!... Nossos pais, João e Antonia, eu e todos os irmãos mudamos para bem longe, buscar novos horizontes.  E tu ficaste para trás! Não por falta de querê-lo junto, mas pela impossibilidade de carregá-lo! E ao voltar à terra amada, não mais estas lá!... Só que tua lembrança perpetua-se no meu pensamento. Como não sei teu paradeiro, quais as curvas te enroscaram e até quem sabe sobreviveste à fúria das águas!  Não sei! Sem estas informações, prefiro imortalizar-te nesta escrita!  Posso não te ver concretamente esvoaçando ao sopro dos ventos, onde sempre te vi, mas serás a partir de hoje nos corações e mentes dos meus leitores: um Pé de Caju, no sítio Quintiliano, as margens do rio Piancó. Para sempre!...
Em 15/10/2010

domingo, 10 de outubro de 2010

FOTOS DA FUNDAÇÃO E 1ª ASSEMBLEIA

DIRETORIA - 2010-2012

Clebertina Parente de Sousa - Presidente
Albemária Lécia Alves Leite - Vice- Presidente
Maria Galdino Coelho - Primeira Secretária
Lidiane Felix dos santos Pereira - Segunda Secretária
Jairo Alves Pereira - Primeiro Tesoureiro
Maria Vania Galdino da Silva - Segunda Tesoureira



Conselho Fiscal


Erica Maria Galdino Coelho
Bernadete Pereira da Silva Alves
José de Sousa Alves
Donatilia Alves de Lima.

CRIANÇAS LEITORAS DE IBIARA PARA O MUNDO